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O uso de materiais alternativos pode ajudar a reduzir a extração de lítio e outros minérios para a fabricação de 0️⃣ baterias

Puf! A luz acabou.

Mas, em uma rua na Índia, uma máquina de autoatendimento bancário segue funcionando alegremente, distribuindo dinheiro para 0️⃣ as pessoas. Em parte, graças ao algodão queimado.

Essa máquina tem uma bateria de reserva no seu interior, que contém carbono 0️⃣ proveniente de algodão cuidadosamente queimado.

"O processo específico é um segredo, para dizer a verdade", afirma Inketsu Okina, chefe de inteligência 0️⃣ da empresa japonesa PJP Eye, fabricante da bateria.

E ele não está brincando. "A temperatura é um segredo e a atmosfera 0️⃣ é um segredo. A pressão é um segredo", prossegue ele, cauteloso.

Fim do Matérias recomendadas

Okina conta que é preciso atingir alta 0️⃣ temperatura – mais de 3.000 °C. E que 1 kg de algodão gera 200 g de carbono. Como cada célula 0️⃣ de bateria precisa de apenas 2 g, o lote de algodão comprado pela empresa em 2023 segue sendo usado até 0️⃣ hoje, segundo ele.

As baterias são formadas por três componentes básicos: dois eletrodos e um eletrólito entre eles.

Podcast traz áudios com 0️⃣ reportagens selecionadas.

Episódios

Fim do Podcast

Um dos eletrodos passa a ter carga positiva e é conhecido como cátodo, enquanto o eletrodo com 0️⃣ carga negativa é chamado de ânodo.

Durante o uso, partículas carregadas chamadas íons fluem do ânodo para o cátodo através do 0️⃣ eletrólito. Este fluxo permite o movimento dos elétrons ao longo dos fios do circuito elétrico conectado à bateria.

Nas baterias desenvolvidas 0️⃣ pela PJP Eye, em conjunto com pesquisadores da Universidade Kyushu de Fukuoka, no Japão, o carbono é empregado para formar 0️⃣ o ânodo – um dos dois eletrodos entre os quais fluem os íons, que são as partículas carregadas das baterias.

Os 0️⃣ íons se movem em uma direção quando a bateria está sendo carregada e na direção oposta ao fornecer energia para 0️⃣ um aparelho.

A maioria das baterias usa grafite como ânodo, mas a PJP Eye defende quebiamo casinoabordagem é mais sustentável, 0️⃣ já que ela pode produzir ânodos utilizando resíduos de algodão da indústria têxtil.

Com a imensa demanda por baterias prevista para 0️⃣ os próximos anos, impulsionada pelo aumento dos veículos elétricos e pelos grandes sistemas de armazenamento de energia, pesquisadores e empresas 0️⃣ vêm desenvolvendo freneticamente possíveis alternativas para as baterias de grafite e íons de lítio, tão comuns hoje em dia.

Como a 0️⃣ PJP Eye, eles defendem que poderíamos utilizar materiais muito mais sustentáveis e facilmente disponíveis para a produção de baterias.

A demanda 0️⃣ cada vez maior por veículos elétricos requer o desenvolvimento de materiais sustentáveis para a fabricação de baterias

A mineração de lítio 0️⃣ pode causar impactos consideráveis ao meio ambiente. A extração do metal exige grandes quantidades de água e energia e o 0️⃣ processo pode deixar imensas cicatrizes no terreno.

O lítio recuperado costuma ser transportado do local de mineração por longas distâncias, até 0️⃣ ser refinado em países como a China. E o grafite também é extraído da natureza ou produzido a partir de 0️⃣ combustíveis fósseis, ambos com impactos ambientais negativos.

"É muito fácil imaginar qual pode chegar a ser o tamanho da pegada de 0️⃣ carbono à medida que o material das baterias passa pela extração e transporte", segundo Sam Wilkinson, analista da empresa fornecedora 0️⃣ de informações e análise de mercados S&P Global Commodity Insights.

Outro exemplo é o cobalto, empregado em muitas baterias de íons 0️⃣ de lítio. O metal é extraído predominantemente na República Democrática do Congo – e existem relatos de perigosas condições de 0️⃣ trabalho naquele país.

Da água do mar até os biorresíduos e pigmentos naturais, existe uma longa lista de possíveis alternativas naturais, 0️⃣ disponíveis muito mais facilmente. O difícil é comprovar que qualquer uma delas pode competir de forma realista com as baterias 0️⃣ existentes no mercado, aparentemente tão indispensáveis no nosso mundo repleto de aparelhos.

A PJP Eye também propõe a possibilidade de melhorar 0️⃣ o desempenho das baterias e torná-las mais verdes.

"A superfície do nosso carbono é maior que a do grafite", segundo Okina. 0️⃣ Ele descreve como a química do ânodo dabiamo casinobateria de carbono único da marca Cambrian permite que ela seja 0️⃣ carregada com rapidez até 10 vezes maior que as baterias de íons de lítio existentes.

O cátodo da bateria é feito 0️⃣ de um óxido de "metal básico". Okina não conta exatamente qual é esse metal, mas eles incluem cobre, chumbo, níquel 0️⃣ e zinco, que podem ser obtidos mais facilmente e são menos reativos do que metais alcalinos como o lítio.

A empresa 0️⃣ afirma que está desenvolvendo uma bateria de eletrodos de carbono duplo, com os dois eletrodos feitos de carbono de origem 0️⃣ vegetal. A tecnologia é baseada em pesquisas realizadas por pesquisadores da Universidade Kyushu, mas a bateria não deve estar disponível 0️⃣ antes de 2025.

Poder carregar uma bateria rapidamente não faz muita diferença para uma máquina de autoatendimento bancário, mas é importante 0️⃣ para veículos elétricos, quando você deseja abastecer para seguir viagem.

Okina menciona que a empresa chinesa Goccia, em parceria com a 0️⃣ japonesa Hitachi, desenvolveu uma bicicleta elétrica alimentada pela bateria da PJP Eye, que será colocada à venda no Japão. Okina 0️⃣ afirma que a velocidade máxima da bicicleta é de 50 km/h e você pode percorrer uma distância de 70 km 0️⃣ com uma única carga.

Mas ela ainda está distante da única bateria que usa carbono proveniente de biorresíduos. Stora Enso, na 0️⃣ Finlândia, desenvolveu um ânodo de bateria que usa carbono de lignina, um polímero aglutinante encontrado em árvores.

A extração de lítio 0️⃣ causa graves danos ao meio ambiente, muitas vezes transformando toda a paisagem local

O algodão também pode ser usado no lugar 0️⃣ do eletrólito que possibilita o fluxo de íons entre o cátodo e o ânodo, potencialmente criando baterias de estado sólido 0️⃣ mais estáveis que as existentes hoje em dia, segundo alguns pesquisadores.

Mas há quem vislumbre fontes de energia maiores e potencialmente 0️⃣ inexauríveis na natureza.

Os vastos oceanos do planeta representam um depósito "praticamente ilimitado" de material para baterias, segundo Stefano Passerini, vice-diretor 0️⃣ do Instituto Helmholtz em Ulm, na Alemanha.

Ele e seus colegas descreveram o design de uma bateria que transfere íons de 0️⃣ sódio da água do mar, para construir um depósito do metal sódio, em um documento publicado em maio de 2023. 0️⃣ Para isso, a equipe projetou um eletrólito de polímero especial, através do qual podem passar os íons de sódio.

Aqui, a 0️⃣ água do mar age como cátodo, ou o eletrodo com carga positiva. Mas não existe ânodo, pois o sódio não 0️⃣ recebe carga negativa. Ele apenas se acumula em forma neutra.

Passerini afirma que podem ser utilizados excedentes de energia solar ou 0️⃣ eólica para acumular o sódio, que pode permanecer ali até que seja necessário.

"Quando você precisar da energia, pode reverter o 0️⃣ processo e gerar eletricidade", explica ele, descrevendo como o metal seria simplesmente devolvido para o oceano.

Mas existem dificuldades neste processo. 0️⃣ Resumidamente, o sódio, de forma muito similar ao lítio, reage energeticamente quando entra em contato com a água. Nas palavras 0️⃣ de Passerini, "você tem uma explosão".

Por isso, é fundamental garantir que não haja vazamento de água do mar para o 0️⃣ depósito de sódio, para evitar que ocorra o desastre.

Essa possibilidade levou outros pesquisadores a buscar um material encontrado naturalmente nos 0️⃣ nossos ossos e dentes, entre muitas outras fontes, como alternativa mais segura para os cátodos: o cálcio.

Ele pode, por exemplo, 0️⃣ ser combinado com silício, o que ajudaria no transporte dos íons de cálcio para futuras baterias.

Veículos elétricos e sistemas de 0️⃣ armazenamento de energia devem puxar a demanda por baterias nos próximos anos

A lista de materiais que podem impulsionar baterias no 0️⃣ futuro está ficando cada vez mais estranha.

George John, da Universidade da Cidade de Nova York, nos Estados Unidos, e seus 0️⃣ colegas pesquisam há muito tempo o potencial de pigmentos biológicos chamados quinonas, encontrados em plantas e outros organismos, para uso 0️⃣ como eletrodos de baterias.

Eles chegaram a atingir resultados promissores com uma molécula derivada de hena – a tintura usada em 0️⃣ tatuagens, derivada da árvore da hena, Lawsonia inermis.

"Este é o nosso sonho", afirma John. "Queremos fazer uma bateria sustentável."

Segundo ele, 0️⃣ um dos obstáculos é a forte solubilidade da molécula de hena natural. Quando usada como cátodo, ela se dissolve gradualmente 0️⃣ em um eletrólito líquido.

Mas, combinando-se quatro moléculas de hena e acrescentando-se lítio, John explica que elas são capazes de produzir 0️⃣ um material reciclável com estrutura de cristal, muito mais resistente.

"À medida que a cristalinidade aumenta, a solubilidade é reduzida", explica 0️⃣ ele.

John acrescenta que os designs de bateria desenvolvidos por ele e seus colegas podem não ter capacidade suficiente para alimentar 0️⃣ veículos elétricos, mas, um dia, poderão ser usados em pequenos aparelhos vestíveis – talvez medidores dos níveis de açúcar no 0️⃣ sangue em pessoas diabéticas ou outros indicadores, por exemplo.

Outros pesquisadores estudam o uso de materiais diferentes, como resíduos de milho 0️⃣ e cascas de sementes de melão, para gerar novos tipos de eletrodos de baterias. Mas o desafio pode serbiamo casino0️⃣ produção em escala, de forma a atender à demanda cada vez maior da indústria.

Aliás, o desafio permanente para qualquer material 0️⃣ de bateria alternativo é sempre atender ao extraordinário aumento esperado da demanda.

Se continuarmos usando a tecnologia de baterias de lítio 0️⃣ e grafite de hoje em dia, o mundo irá precisar de cerca de dois milhões de toneladas anuais de grafite 0️⃣ até 2030, para satisfazer a crescente indústria de baterias, segundo estima o analista Max Reid, da consultoria Wood Mackenzie.

Atualmente, o 0️⃣ consumo anual é de 700 mil toneladas.

"A demanda irá triplicar, na verdade", afirma ele. É por isso, em parte, que 0️⃣ as alternativas ao grafite precisam atender esse alto nível. "Atingir essa escala será incrivelmente difícil para qualquer material novo."

Alterar os 0️⃣ processos de fabricação, eliminando o uso de grafite, seria muito caro e, possivelmente, um grande risco comercial, segundo a engenheira 0️⃣ e cientista de baterias Jill Pestana, da Califórnia (EUA), que trabalha atualmente como consultora independente.

Ela é cética sobre o uso 0️⃣ de biorresíduos para ânodos de carbono, pois as fontes desses resíduos nem sempre podem ser muito ecológicas. É o caso 0️⃣ de uma plantação de árvores com má gestão da biodiversidade, por exemplo.

Por outro lado, em mercados com consumidores aparentemente preocupados 0️⃣ com a sustentabilidade dos produtos adquiridos, materiais de baterias alternativos, provenientes de fontes adequadas, podem ter maiores chances – sejam 0️⃣ as baterias feitas de carbono derivado de biorresíduos ou de qualquer outra substância potencialmente mais sustentável.

"O público pode desempenhar um 0️⃣ papel importante, realmente impulsionando esses esforços", indica Pestana.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site biamo casino Future.

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